segunda-feira, 22 de novembro de 2021

amor em tempos de colapso

... acho q o amor é uma faísca que não cessa, q adormece e fica à espreita irradiando pelo bem querer do outro. mesmo nas decepções mais profundas a gente vibra pra além de nós. 

 a minha esperança é a q vc siga sol, flor, ventania. q vc seja sempre natureza viva. em movimento. 

olho pra nós e me lembro de "a insustentável leveza do ser". assim fomos nós. assim somos nós. insustentáveis. de sua parte, a leveza evitando os envolvimentos. de minha parte a busca por solidez. juntos fomos raízes, artérias, seiva viva. agora somos palavras. palavras, q pulsam. como flores crescem e brotam da minha boca. 

os amores sempre tem um começo. um único começo. mesmo quando distanciados. e se retornam pelo acaso absoluto retomam de onde interrompido.  embora eu busque resposta no tarot nada sei sobre o q se seguirá. temos promessas de silêncio. acordos de distância pra quebra do eterno retorno. 

admiro a tua força e agradeço sempre pelas vezes q vc a me emprestou quando a minha própria já era pouca. sem peso. gratidão. 

quando sinto raiva falo coisas q não quero. e depois me arrependo. fico aqui lendo e relendo suas palavras tão doces e tão bem escolhidas. vc tem talento com elas. vc sabe.

eu não. acho q tenho talento com as pessoas. sei acolher. e acontece delas julgarem q eu não preciso ser acolhida. mas eu preciso. eu sinto falta de abraços. como todos. e eu sei q vc sabe disso.

estarei aqui se precisar. essas foram as minhas últimas palavras ditas. sempre te fui verdade. e nunca deixei de ser amor. experimento a entrega. 

o amor  é a única coisa q move a minha vida, as escolhas, o desejo. a liberdade. respeito o meu momento.

sou capaz de entender as suas buscas. sua nostalgia. sua linha de fuga. não quero te invadir. como já te disse tantas vezes: te quero pra tua pra tua própria vida! respeito o seu momento.

estamos equidistantes. 

"o fim do mundo exige decisões impossíveis. decisões q estavam prontas e precisam ser aceitas. como a morte, a proibição ou o esquecimento. naquele momento tão breve houve travessia e prosseguimento." (2021: 280, Polesso. A extinção das abelhas)  

só precisávamos seguir. foi o q fizemos. fizemos a travessia. 

mas tudo isso vai passar. "a covardia vai aos poucos se tornando um modo de vida" (1987: filme. A insustentável leveza do ser). amar agora é coisa de direita. hj em dia na esquerda ninguém gosta mais de amar. pq amar exige compromisso, empatia, disposição, responsabilidade. amar é coisa séria. e tá na moda o desapego. 


domingo, 18 de abril de 2021

Viço

 Viço


Eu queria morrer 

Pois já me dava como vencida 


Mas não sabia como

Pois temia a morte


Então morri lentamente

Infelizmente foi dolorosa a minha morte


Não foi como eu esperava:

simplesmente,

adormecer e morrer


Embora eu estivesse frágil

e debilitada 

Meu eu ainda estava presa ao ego

com medo da descida às profundezas 


E, por isso, eu ficava rolando de um lado para outro, nua e frágil 

Raivosa. Solitária. Defendida .


Temendo o fim


Estava presa às certezas

Evitava habilidosa as perdas

Agarrava-me as tentativas de continuar no conhecido 


Não sabia q no novo 

moram outras vidas


Impaciente 


Evitava o aprendizado

e com isso impedia o despertar 


Eu não sabia amar

Precisei estar disposta a morrer


No dia do início da minha morte

Deixei-me morrer mesmo que sem saber como


mas, confesso, ainda morrendo

ainda nas profundezas do desconhecido 


 arrumando meus ossos

desembaraçando meus cabelos

oxigenando às velhas células 


deixei morrer o desamor 

permiti dar luz a esperança 

gerei vida


dei vida a mãe amorosa para a 

minha criança


na morte daquele quintal 

dei vida para a meu próprio caminho


na saída daquele corredor escuro 

gerei vida, dei à luz

fiz queimar fogo pra iluminar os nossos passos


deixei morrer a solidão

deixei morrer o desamor q recebi 

deixei morrer o medo da repetição do afeto-ferido

deixei ir a dor


para me abrir 

para permitir o encontro

do eu-cuidado


hoje deixo morrer a dor do afeto-ferido

pra deixar viver o eu-cuidado

permito dar luz ao meu novo eu, enredado no amado


permito ao despertar reencontrar-me com a minha inocência 

receber o q TB me procura  nesse novo estágio do meu eu-cuidado 

confiante na aprendizagem

permito repousar novamente 


revitalizo-me nesta profundeza

com a esperança de encontrar exuberante, o seu solo inexplorado


engrandecendo em nós

nossa nova vida

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Amorosidade

To aprendendo a descansar as armaduras
To aprendendo a repousar acolhida
To aprendendo abraçar os sentimentos

Amor, é bom deixar-te por perto
Amor, é bom deixar-se ser amada


Sombras, te vejo

Amado

Tu sabes, eu me amo
Me quero junto a ti entrelaçada em prazer
Gozos e afetos que nos satisfaz

Caminhando


Se você soubesse o amor que há aqui
Ah... se tu soubesse, não se escondia
Eu não vou dizer de novo
Eu sinto
Eu deixo a palavra seguir
Sem prender o sentimento
Eu vejo
Me aninho no teu colo
Mas não te prendo
Se queres ir, vá
Porque meu amor
Ah, ele continua aqui comigo.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Boa noite, noite fria.

Boa noite!

Eu nunca sei muito bem como começar um texto. Vim sem perspectivas hj. É bom escrever sem a preocupação de estar sendo analisada. É bom ser livre. Né mesmo?! Gosto do anonimato. Gosto de não ser objeto dê. Que tem dê. Que precisa dê. Eu gosto da não obrigatoriedade das coisas. Valorizo aquilo que não se força e não ofusca.
Há tempos estou querendo escrever sobre os dias nublados. Das noites de inverno. Gosto destes dias e, particularmente, destas noites. Sentir aquele friozinho ventilando o rosto gelado. Admirar aquele sol que se deita rosado. Eu gosto dos dias amenos, frescos e do céu em brasa mormente, como uma obra de arte que nos toca intuitivamente. Despretensiosa. O inverno pra mim é assim. Seu frio me aconchega. Seu vento me acolhe. Seus sóis me revigora.
Gosto da sua presença tímida, que chega sem se anunciar. Que nos envolve sem pesar sobre a nossa derme. Trazendo lembranças das tardes em que os cabelos precisavam de elásticos. Mas que bastava um casaco pra continuar a brincadeira. A fogueira  à noite vinha como uma ideia e as consequências disto eram somente batatas-doces quentes e assadas. Sim, como são bons os dias cinzentos. Agradáveis e delicados. Tem coisa mais gostosa do que pessoas assim? Chegam sem aviso. Se põe. Quando menos percebemos já estão lá sendo, desnecessariamente, tudo o que não imaginávamos que precisávamos. 

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Voltei a boca do inferno!

Voltei pra mim e cá estou (novamente). Tô aqui reaprendendo a escrever a palavra "pormenores" porque hj quero escrever os meus pormenores.
Me reli antes dessa escrita e fitei-me à reflexão do que mudei nestes últimos cinco anos. Me respondo, eu caí neste tempo que enquanto durava era sem fim. Eu me perdi de mim. Tamanha foi a força da ultima porrada. Demorei a perceber de onde ela veio, do que eu me esquivava e, consequentemente, do que eu me defendia. Quanto maior a expectativa maior a queda, já diz o ditado. Ficou uma tristeza, aberta e o berro da cabrita aqui ressoava dentro de mim em forma de melancolia. Temia e desejava o amor na mesma intensidade. Que contradição! Que loucura foi viver aquele tempo, tempos de ansiedade! Tempo de medo.
Bem, o tempo passou. Esse tempo passou. Não desisti de mim, me cuidei, me permiti e virei a página. A vida seguiu. Respiro alívio.
Hoje amo a minha nova versão. Mais independente. A angústia passou. A solidão também. Há uma coisa que admiro um tantão e me causa orgulho (de si para si), a autocapacidade de superação. Não deixa de ser um ato de coragem driblar as torrentes e seguir se encantando pela novidade de si.
Hoje concordo com Caetano, que eu nem gosto tanto assim, "Mora na filosofia. Pra que rimar amor e dor?!" Eu não gosto dessa rima e nem me esforço mais pra me adaptar e me ajustar a alguém pela promessa do eterno. Foi bom esse passo de sair do tempo futuro.
É bom me dedicar ao amor em movimento.

“Triste Bahia” com versos de Gregório de Matos, o Boca do Inferno 

"Triste Bahia! Oh quão dessemelhanteEstás, e estou do nosso antigo estado !Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,Rica te vejo eu já, tu a mi abundante. A ti tocou-te a máquina mercante,Que em tua larga barra tem entrado,A mim foi-me trocando, e tem trocadoTanto negócio, e tanto negociante. Deste em dar tanto açúcar excelentePelas drogas inúteis, que abelhudaSimples aceitas do sagaz Brichote. Oh se quisera Deus, que de repenteUm dia amanheceras tão sisudaQue fora de algodão o teu capote!"